Homilia | Posse Canônica do Arcebispo

 


    Amados irmãos e irmãs em Cristo, gostaria de dizer desde já que: a Igreja é coordenada pelos diáconos, padres e bispos, mas quem nos faz ter motivação, são os leigos, no qual acolho com muita alegria, em especial os residentes do Bairro do Carmo.

    Caríssimos, reunidos nesta solene celebração, contemplamos hoje o mistério do chamado de Deus que, em sua bondade infinita, confia a um homem a missão sublime de guiar o rebanho de Cristo na sucessão apostólica. A palavra de São Paulo a Timóteo ressoa como um espelho para o coração de quem assume o episcopado: “quem aspira ao episcopado, saiba que deseja uma função sublime”. Não se trata de honra humana, mas de cruz; não se trata de prestígio, mas de serviço. O bispo deve ser irrepreensível, sóbrio, prudente, hospitaleiro, capaz de ensinar, pacífico e íntegro, pois aquele que não sabe governar a própria casa, como poderá governar a Igreja de Deus? Assim, a dignidade do episcopado não se mede pela pompa exterior, mas pela fidelidade ao Senhor, que é o verdadeiro Pastor de nossas almas.

    O salmo expressa a disposição de todo aquele que deseja ser fiel: “Viverei na pureza do meu coração, no meio de toda a minha família.” Um bispo é chamado a ser sinal vivo da santidade, exemplo para o povo, presença de Cristo entre os fiéis. Sua vida deve refletir o Evangelho em cada gesto, em cada palavra, em cada decisão. Nada de engano, nada de arrogância, nada de mentira deve encontrar espaço em sua conduta, pois o rebanho espera de seu pastor não apenas palavras, mas testemunho.

    O Santo Evangelho nos apresenta a cena de Naim, onde o Senhor se depara com a dor de uma mãe viúva que perdeu seu único filho. Movido de compaixão, Cristo se aproxima, toca o caixão e devolve à vida o jovem, entregando-o novamente à sua mãe. Eis o ícone do ministério episcopal: aproximar-se das lágrimas do povo, consolar os corações abatidos, tocar com compaixão as misérias humanas e, em nome de Cristo, devolver vida e esperança. O bispo deve ser a imagem visível da misericórdia do Senhor, aquele que se faz próximo, que não passa distante da dor, que não se fecha em si mesmo, mas que abre o coração à necessidade dos fiéis.

    Nesta missão, não caminhamos sozinhos. Nossa Senhora do Carmo, cuja intercessão veneramos com filial devoção, acompanha e protege o ministério daquele que hoje toma posse. A Virgem Santíssima, modelo de obediência e de fidelidade, ensina a estar de pé junto à cruz, sustentando com oração e silêncio a Igreja de Cristo. Ela, Mãe e Rainha, cobre com seu manto aqueles que se confiam à sua proteção, conduzindo-os sempre ao seu Filho, único Senhor e Salvador.

    Portanto, elevemos nossas orações por mim, que hoje tomo posse. Rezo por cada um, rezem também por mim!

    Que Nossa Senhora do Carmo nos guarde sob seu olhar materno, e que eu, configurado a Cristo Bom Pastor, conduza esta Igreja particular à santidade, ao amor e à fidelidade. A Ele, Cristo nosso Senhor, todo o louvor, honra e glória, pelos séculos dos séculos. Amém.


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