Nota | Resposta à Prefeitura Carmelense

A respeito da Carta Aberta publicada pela Prefeitura Municipal do Carmo em 16 de setembro de 2025 e da manifestação pública, na qual se declara: “Não estamos com o Arcebispo”, a Arquidiocese Primaz do Carmo, em espírito de fraternidade e verdade, vem esclarecer o seguinte:

  1. A Igreja, ao longo de sua história, sempre buscou caminhar em comunhão com as legítimas autoridades civis, reconhecendo o valor da colaboração recíproca em favor do bem comum e do povo. No entanto, é preciso recordar que a natureza da missão da Igreja não se confunde com as competências da administração pública.

  2. A Solene Celebração de Posse Canônica do primeiro Arcebispo do Carmo foi, por sua própria essência, um ato eclesial. Nela, o centro foi Cristo e a Igreja que nasce e se organiza neste território. A ausência de fala institucional por parte do Executivo Municipal não foi um gesto de desconsideração, mas a preservação do caráter litúrgico do ato, reservado a expressões próprias da fé.

  3. Durante minha Homilia, afirmei com clareza a importância e a força dos fiéis leigos, destacando com alegria os residentes do Bairro do Carmo. Portanto, não procede qualquer alegação de falta de consideração para com o povo Carmelense, que é amado, respeitado e acolhido com ternura por esta Igreja Particular.

  4. É doloroso ver que, em lugar da fraternidade e do diálogo, se levantem muros de rejeição que não representam a identidade de um povo historicamente marcado pela fé, pela devoção e pela hospitalidade. Uma inscrição pública contra o Arcebispo não é apenas contra uma pessoa, mas contra a missão pastoral que a Igreja exerce em nome de Cristo.

  5. Esta Arquidiocese lamenta profundamente que um momento de alegria e oração pelo início de uma missão pastoral tenha sido interpretado como ato de hostilidade. Reafirmamos, ao contrário, nosso apreço pelos fiéis leigos, que são a verdadeira força viva da Igreja, e reiteramos que todo o ministério episcopal se realiza em vista do serviço ao Povo de Deus.

  6. Declarar rompimento com a Igreja é privar-se de um espaço de diálogo, de cooperação e de cuidado espiritual que sempre estiveram presentes na vida do povo Carmelense. Nossa missão não é de poder, mas de serviço; não é de imposição, mas de anúncio do Evangelho.

  7. A Arquidiocese reafirma sua fidelidade ao Evangelho, ao Papa Bonifácio III e à comunhão da Igreja universal. Não deixaremos de servir ao povo Carmelense, mesmo diante de hostilidades. Pelo contrário: intensificaremos nossa oração e nossa dedicação pastoral para que a verdade e a caridade prevaleçam.

  8. Cabe ressaltar, também, que a prefeita teve sua voz ouvida, visto que como Secretária da Cúria desta Arquidiocese, proferiu as palavras da Ata de Posse, inclusive assinando-a.

Confiamos à intercessão de Nossa Senhora do Carmo a reconciliação, a unidade e a paz entre a comunidade civil e a eclesial. Como Pastor desta Igreja particular, sigo firme em minha missão de conduzir o rebanho à santidade, com amor e fidelidade.

Carmo, 16 de setembro de 2025.


+ Vitor Oliveira Lefebvriano
Arcebispo Primaz do Carmo

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